sábado, 18 de maio de 2013

QUARTO ROSA...A OUTRA FACE!

                                               
                             
Quando gostamos muito de uma cor tendemos a usá-la mais do que outras. Repetimos a mesma cor ao vestir, decorar, na escolha do carro, na fachada da casa...sempre que temos uma chance eis a “corzinha predileta” lá marcando presença. Há explicações para esse comportamento que nos conduzem para além de simplesmente gostar da cor. Uma delas é que pela escolha das cores quentes e expansivas, com frequência, o indivíduo demonstra estar se voltando para o mundo exterior numa atitude mais extrovertida, ou, se a preferência recai sempre nas cores frias e reflexivas, ele estaria demonstrando um interesse mais voltado para si mesmo, um comportamento introvertido. 

Sobre a escolha das cores, M. Déribéré (1965) estudou e pesquisou, extensivamente, as preferências que os indivíduos nutrem pelas cores e a influência destas sobre o comportamento humano. Nos tópicos: Cores, Influência das cores e Simbolismo das cores, neste blog, encontram-se referências aos significados simbólicos, associações às cores e como elas podem influenciar no comportamento, quando aplicadas à decoração dos ambientes.
Cor-de-rosa 
Originada da mistura de branco ao vermelho, cor-de-rosa é a cor mais associada ao feminino, entre todas as cores. Branco (espírito), vermelho (energia) a cor sugere uma inocência cheia de vitalidade como a de uma criança. 
Atualmente, mais do que em qualquer época, que eu me lembre, há uma quase exclusiva preferência por essa cor entre as meninas de todas as idades, e também entre as jovens até a idade adulta. 
Pensar nos fatores que poderiam estar causando esse comportamento, agora, demandaria ter que pesquisar o comportamento infantil e juvenil na atualidade. Deixemos essa árdua tarefa a cargo de quem já está com a mão na massa como é o caso de David Elkind. Ele publicou o esclarecedor “Sem tempo para ser criança – A infância estressada”- uma ótima opção para ler e entender as crianças e os adolescentes de agora. 
Toda essa “febre rosa” que vem se prolongando ano após ano, nessa última década, tem provocado inquietação e perguntas desconfiadas, de algumas pessoas que, como eu, estão mais interessadas no bem-estar físico e psicológico do que em apenas seguir o gosto estético, ou as tendências da moda.  Estamos focados no comportamento anormal ou alterado em consequência das circunstâncias externas criadas pela decoração dos ambientes em geral, e mais especificamente, de repouso e longa permanência.
O quarto
Tudo é muito importante na concepção de um quarto para proporcionar: conforto, aconchego, sobriedade, adequação ao usuário e à função, fatores estes, que atuam psicologicamente e, portanto, são fundamentais na decoração. 
As cores contribuem para reforçar a atmosfera criada pela ambientação do cômodo. Elas são excelentes parceiras para despertar sentimentos, relaxar, estimular, reduzir o estresse, alegrar ou dar sobriedade conforme seja desejado. Nenhuma cor é má. O que causa danos é o mau uso que se faz delas pela falta de conhecimento.Todas as  cores têm aspectos positivos e negativos. Portanto, uma cor sempre é boa para quem se sente bem com ela. 

Entre os fatores que determinam a escolha das cores para qualquer ambiente estão:
  1. O tamanho do local onde a cor será aplicada e a área que ela irá ocupar (teto, paredes, piso)
  2. A intensidade da coloração (claríssimo, claro, médio, escuro)
  3. O tempo de permanência da pessoa no local 
  4. A função para a qual o local é destinado
  5. Iluminação e ventilação (natural e artificial)
  6. Conhecer o perfil (psicológico, idade, cultura, gosto) do usuário 
Observados, com cuidado, esses fatores facilitam na hora de selecionar a paleta de cores mais adequada. 
O quarto é o ambiente mais íntimo, e o que mais privilegia o gosto pessoal dos moradores geralmente refletindo a personalidade, preferencias e hábitos deles. Este deve ser um local onde se possa recuperar do cansaço e renovar as energias físicas e mentais, portanto precisa ser valorizado. Um quarto ideal é aquele que favorece o relaxamento antes de dormir e um sono de qualidade. Existem indicações de colchões específicos para isso. No entanto, na decoração é comum se notar certa displicência e desatenção em se respeitar aquelas prioridades dando atenção apenas ao gosto pessoal que, às vezes,  exige detalhes exagerados, cores e estampas intensas, tecidos em excesso, iluminação inadequada etc. que terminam por prejudicar a “saúde” do ambiente e de quem dormirá nele. 

Não existe uma cor mais indicada para o quarto, mas sim harmonias cromáticas, que quando bem aplicadas transformam o ambiente de descanso num oásis de equilíbrio e paz. Como disse anteriormente, a cor certa é aquela com a qual nos sentimos bem. As harmonias cromáticas permitem combinações entre cores diferentes, em peso, temperatura e ação, o que contribui para equilibrar as energias no ambiente. Sempre teremos cores quentes e frias, luminosas e sombrias equilibradamente. Um disco cromático seria de grande auxílio para acertar com várias cores.

Na criação de um quarto monocromático - uma cor variando os tons - acontece de não haver a possibilidade de se proporcionar os contrastes fundamentais, acima citados,  que criam o equilíbrio. Conviver sempre com a mesma cor significa ter a mesma energia, os mesmos raios influenciando o tempo todo. Psicologicamente a atmosfera do quarto não se renova provocando sempre os mesmos sentimentos, que como um cardápio repetitivo, além de gerar  monotonia, com o tempo leva à falta de nutrientes e ao tédio.

O cor-de-rosa transmite feminilidade e delicadeza. É relaxante, aconchegante, “recebe tradicionalmente uma conotação de sensualidade (é associada ao corpo físico, cor de carne), emoção e juventude “.(De Vries). Remete à inocência e frivolidade. Por suas características de doçura e afeto, calma e maternidade, redutora do ímpeto e agressividade, essa cor tem sido aplicada com sucesso, como corretivo de mau comportamento e tranquilizante nos casos de pessoas agressivas. Betty Wood, no seu livro “A cura através das cores” narra sobre tratamentos feitos através das cores ressaltando o caso de um “quarto cor-de-rosa”, cuja finalidade é acalmar pessoas violentas. Na Califórnia crianças fora de controle, se debatendo e gritando foram colocadas por 10 minutos num desses quartos da cor de goma de mascar. Além de se acalmarem rapidamente as crianças dormiram. E o que é mais importante, segundo Betty, é que o efeito dura algum tempo. Autoridades nos Estados Unidos estão realizando experiências colocando a cor rosa em áreas públicas para inibir o vandalismo, e até mesmo no futebol, treinadores, estrategicamente aplicam essa cor nos vestiários dos adversários para deixá-los letárgicos. Enfim, é bem conhecido o efeito extraordinário que um quarto,  inteiramente cor-de-rosa causa induzindo à sonolência e à inércia, comenta a autora. 

Outros autores também se referem à cela rosa usada nos presídios para acalmar detentos fora de controle, que vem sendo usada em Nova York, no Reino Unido e Nova Délhi, na Índia, de onde veio o resultado de um relatório de pesquisa concordando que “o rosa funciona como sedativo afetando as glândulas suprarrenais e enviando mensagens ao hipotálamo para que reduza as secreções, o que por sua vez desacelera o músculo do coração”.../..., porém “alguns experimentos demonstraram que a exposição excessiva ao rosa pode criar um desequilíbrio no sistema, pois a cor tem um efeito tranquilizador sobre o sistema muscular e acalma as emoções.”  (Marie-Louise Lacy - O poder das cores no equilíbrio dos ambientes). 

Acredito que se continuarmos a buscar informações sobre todas as outras cores muitas surpresas surgirão escondidas por trás da atração que as cores exercem sobre nós. 

Os fatos acima citados, entre outros que tenho conhecimento despertaram meu interesse por investigar como as crianças e jovens, que há tanto tempo habitam lindos quartos cor-de-rosa, estariam se comportando? 

Eis algumas das queixas que, como terapeuta e consultora de cores tenho recebido ultimamente: 

· Filhas preguiçosas nas lições de casa, dorminhocas e lentas quando poderiam ser mais ágeis e alegres; 

· Adolescentes letárgicas que dormem durante tardes inteiras depois do colégio; desinteresse nas aulas, parcimônia nas responsabilidades; 

· Adolescentes que demoram a amadurecer, infantilismo nas atitudes, falta de ímpeto em sair do ninho; 

· Meninas mimadas prisioneiras do mundo do faz-de-contas que se consideram eternas Barbies; 

·Jovens adultas morando com os pais que olham o mundo através de "lentes cor-de-rosa", e que não demonstram a agressividade saudável para irem à luta; 

Considerando que em todos esses casos existe um "quarto cor-de-rosa", um guarda-roupa predominantemente rosa, além de outros fatores: será que essas pessoas não estariam sofrendo a má influência do excesso da cor rosa em suas vidas??? Deixo aqui a pergunta.

Desse modo, o que pretendo é desviar o olhar para a outra face, aquela que age por detrás do uso excessivo de uma cor, qualquer que seja, e que jamais poderá ser desconsiderada.
Ana Rosa

domingo, 5 de maio de 2013

A arte de cada um



http://www.youtube.com/watch?v=DD7aDmVRaGI

Lá dentro, 
no mais profundo do ser psíquico
 haverão nós para serem feitos.
Imprescindível seria, então, 
amarrá-los 
devagar e cautelosamente,
pois há risco de escaparem.
A cada cor é permitido seu sentido mais primevo 
e a cada dor um nó mais apertado. Ana Rosa

Veja o vídeo ompleto na página Artes Plásticas