domingo, 25 de abril de 2010

CORES

Traduzir as cores de uma pintura ou desenho é traduzir sentimentos. As cores nos falam das emoções que estão presentes na produção plástica. Elas indicam a importância de fatores psicológicos ou psicossomáticos ainda por se manifestar. As vezes revelam, em outras mascaram sendo , portanto, um instrumento para ser utilizado como auxiliar na interpretação dos desenhos. A melhor maneira de utilizarmos as cores para interpretar os trabalhos é a mais objetiva possível, considerando o local, a forma , a intensidade e a quantidade que foi aplicada. Há diversidade de significados das cores conforme a cultura, a religião, linha filosófica entre outros fatores, mas ficamos sempre com aqueles mais próximos do cliente que estamos analisando e suas associações. Para me sentir mais segura costumo fazer uma legenda com cada cliente registrando suas cores e seus significados para cada cor. Com o tempo vamos acrescentando novos significados e é interessante observar o quanto eles mudam com o passar do tempo. Nesta coluna serão postadas as cores mais utilizadas e seus significados de acordo com a linguagem psicológica, ou da forma como são encontradas e analisadas nas produções artísticas em arteterapia. Para saber como as cores influenciam os ambientes consulte a sessão"COR EM DECORAÇÂO" AMARELO – É a mais quente e mais expansiva de todas as cores. Sol, luz, calor, doadores de vida são simbolizados por esta cor considerada por Goethe a mais próxima da luz. Nas pinturas, de maneira geral, quando o amarelo se destaca entre outras cores pode ser associado com aspectos do animus, desenvolvimento da autonomia, ou segundo Lüscher, representa a necessidade de se libertar de algum conflito freqüentemente representado na pintura ou desenho em questão. Para Suzanne Fincher, “nas mandalas, um amarelo-escuro pode simbolizar uma ligação negativa com o pai, ou dificuldades em lidar com autoridades; pode, também, representar os momentos difíceis que antecedem o prazo que antecedem o prazo para o término de um trabalho,ou problemas de relacionamento com os homens” .(O Autoconhecimento Através das Mandalas) Na teoria dos Tipos Psicológicos, Jung associou a cor amarela ao tipo "Intuitivo" como simbolo da capacidade de apreender as origens e as tendências das coisas. AZUL - a mais pura, fria, profunda e imaterial de todas as cores à excessão do branco.Impávido, indiferente, não estando em nenhum lugar senão em si mesmo, o azul não é deste mundo. (Chevalier) Estas mesmas qualidades fundamentais são aplicadas ao simbolismo dessa cor nas produções arteterapêuticas. A presença do azul, sua constância e intensidade podem expressar a sensação de vazio da alma, o distanciamento numa relação, um profundo senso de religiosidade, frieza ou desmaterialização de uma idéia, situação ou sentimento. É a cor da função Pensamento, para Jung. Nas pinturas de pessoas reflexivas vemos, com freqüência, variadas tonalidades de azul. Outras associações relevantes são encontradas no cristianismo, associando azul à Virgem Maria (maternidade e compaixão), portanto devemos considerar o arquétipo da Mãe ao interpretarmos as imagens simbólicas com essa cor. A relação com a mãe, também se projeta nas águas azuladas de algumas pinturas que nos remetem ao útero materno, um lugar de proteção e nutrição, estado de inconsciência no qual algumas pessoas tendem a se refugiar para evitar a vida quando se sentem temerosos ou "maltratados por ela". BRANCO - "silêncio absoluto transbordante de possibilidades vivas...um nada anterior a todo nascimento, anterior a todo começo" W. Kandinsky Associado à morte e ao luto em todo Oriente, o branco é também símbolo de retorno : vida-morte - vida. Faz lembrar a luz, pureza, virgindade, espiritualidade.Nas expressões plásticas, a aplicação do branco, pode determinar diferentes estados de espírito: abertura para mudança, relutância em aceitar as sensações corporais, liberdade, inocência. Na minha experiência com arteterapia, quando essa cor é usada para fazer veladuras na pintura encobrindo outras cores, denota sentimentos de pudor, sublimação de certas emoções e insegurança. Segundo Kellog, se o branco está diretamente aplicado sobre o papel, pode-se inferir que há repressão ou que algo está sendo ocultado, ou mesmo, excluído.

CINZA – inicialmente o cinza neutro surge da mistura de preto com branco – sombra e luz - é o meio termo. Podemos obter cinza, também, misturando cores complementares ou opostas como: verde/vermelho; azul/laranja; violeta/amarelo, neste caso teremos cinzas tingidos e aquecidos pela temperatura das cores que os originam. Seja qual for, a origem parece não alterar as associações a esta cor. Nulidade, finitude, velhice são as mais comuns. Quando relacionada às cinzas, a cor confere um caráter espiritual de “aquilo que resta” e assim o simbolismo nos aproxima do tema da morte; não se deve esquecer que dessa forma , também, nos aproximamos do renascimento. (V. fênix em simbologia dos animais) LARANJA - encontra-se entre amarelo e vermelho, portanto é influenciada pelas características dessas duas cores. Segundo Chevalier, essa cor simboliza o ponto de equilíbrio entre o espírito e a libido, algo tão difícil que ela se torna, também, símbolo da infidelidade e da luxúria. Dizem que Dionísio vestia-se de alaranjado. Em muitas produções artísticas aparece como sentimento de força, vitalidade e entusiasmo. Aconselho que se preste atenção aos pontos onde a cor se encontra destacando alguma emoção. MARROM - esta cor obtida da mistura de outras cores está mais relacionada ao mundo físico. Por lembrar a terra, suas associações levam na direção das raízes familiares, do desejo por estabilidade e segurança dando a sensação de que tudo é permanente e sólido. É relacionado também ao que é velho no sentido de passado – mágoas, rancores – que devem ser esquecidos e perdoados. O apego indicado pelo marrom impede que se evolua, portanto é necessário se fazer um trabalho de liberação das emoções e sentimentos reprimidos. Ao lado dessas associações negativas. A cor é associada ao outono, raízes, sementes, fertilidade, indício de novos começos. PRETO – a cor das trevas. Associado ao desconhecido, noite, mistério e morte . Início de processo, quando ainda não se em idéia dos novos rumos. Luto, medo, descrença, depressão. ROSA - está associado à feminilidade, fragilidade e delicadeza. Chamo atenção para a relação com o corpo: sensualidade ou alguns sintomas físicos. O excesso de rosa pode indicar busca de proteção e até mesmo imaturidade sinal de manifestação da criança interior. TURQUESA – coloração de um azul claro esverdeado, essa cor tem conotações curativas. È relaxante e repousante podendo indicar um fluxo de energia curativa da psique quando esta detecta algum desequilíbrio. VERMELHO - a cor do sangue é antes de tudo sinal de vida. O fogo também é trazido à lembrança na presença do vermelho onde as simbologias fazem referências aos atributos desses elementos, ritos iniciáticos e sacrificiais entre os povos primitivos. Nas produções artísticas são muitas as associações encontradas: calor, destruição, purificação e transformação, inquietação, sedução, agressividade, pulsão sexual, virilidade, proibição, transgreção, entre outras. VIOLETA – mistura de azul com vermelho. Cor espiritual que indica evolução pessoal e transcendência dos interesses materiais para algo mais sutil. Encontra-se entre as cores escolhidas para denunciar melancolia e depressão, É também sinal de imaginação, criatividade e concentração. A conotação positiva ou negativa na interpretação das cores dependerá, sempre, da quantidade e intensidade que elas aparecem nas produções.

3 comentários:

  1. Estou encaminhando meu estágio trabalhando com as cores. Pesquisando encontrei seu Blog que foi de grande ajuda.
    Obrigada, desejando sucesso e esperando nós encontrar um dia.
    Abraços,

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  2. Muito instrutivo as informações citadas neste texto,com direcionamento e ideias de cada pessoa e suas aprendizagem...

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  3. Não encontrei a cor verde no texto!

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