quinta-feira, 8 de abril de 2010

SIMBOLOGIA EM ARTETERAPIA

Simbologia é o estudo, a interpretação e a arte de criar símbolos. O símbolo tem uma função integradora e reveladora do eixo de si-mesmo, entre o que é desconhecido – inconsciente individual e coletivo – e a consciência. O símbolo aglutina e corporifica a energia psíquica, para que o indivíduo possa entrar em contato com níveis mais profundos e desconhecidos do seu próprio ser e cresça com estas descobertas. O símbolo constelado com a ajuda dos materiais expressivos, dinamiza e facilita a estruturação e transformação dos estados emocionais que lhe deram origem. Deste modo, é essencial ao trabalho do arteterapeuta, o conhecimento adequado de linguagens expressivas diversas e suas propriedades terapêuticas peculiares. Para tanto, necessitamos de reciclagem expressiva constante, pois a fluência na comunicação através dos materiais requer treino e constante exercício, complementado pela vivência indispensável do próprio processo terapêutico, e quando necessário, supervisão com um profissional mais experiente e a participação constante em grupos de estudos clínicos e workshops de atualização. Segundo Edinger: símbolo é uma palavra originaria do grego, resultante da combinação de SYM + BOLON, significando “aquilo que é colocado junto”... Em arteterapia é o resultado da fusão da energia psíquica de quem trabalha e do material expressivo utilizado, plasmando formas, criando e recriando mundos, expressando dores e esperanças de vir a ser. O universo junguiano em arteterapia fornece uma bússola, que orienta no entendimento universal da produção simbólica, cabendo ao arteterapeuta junto com o criador do símbolo, contextualizar seus significados pertinentes à singularidade e historicidade de cada um. Os pontos cardeais que norteiam a caminhada por estas regiões psíquicas profundas e singulares estão registrados na tipologia junguiana. Nesta referência teórica identificam-se quatro funções psíquicas básicas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. De modo geral observa-se a dominância de uma destas funções (a função superior) em detrimento da funcionalidade das outras. A estas funções psíquicas, Jung correlacionou os quatro elementos básicos da natureza: AR, ÁGUA, FOGO E TERRA e dois movimentos básicos para a orientação da energia psíquica: movimento predominante para o mundo externo: extroversão e movimento predominante para dentro: introversão. Neste enfoque, o arteterapeuta através de observações e dados de anamnese, poderá empregar determinadas modalidades expressivas que venham a estimular essas funções psíquicas menos desenvolvidas, iluminando aspectos sombrios da psique. Assim estas modalidades expressivas são utilizadas com o propósito de revitalizar áreas desusadas, núcleos bloqueados, resgatando o livre fluir da energia psíquica. O Universo Junguiano em Arteterapia compartilha similaridades com outras abordagens teóricas, na medida em que emprega o mesmo instrumental terapêutico composto de modalidades expressivas variadas. A peculiaridade desta abordagem estará configurada, nas estratégias de amplificação do material simbólico produzido nas sessões. Amplificar um símbolo será deste modo um processo que retoma trilhas muito antigas, presentes na história do homem há muitos séculos, uma vez que existem registros do processo expressivo como documentário psíquico há 35.000 anos atrás, no período paleolítico. O “setting” de arteterapia é um temenos, espaço de criação, labirinto formado de afetos, conflitos e imagens. O fio condutor para o trabalho será dado pelas associações, analogias e descobertas, feitas por cada um, no confronto com sua obra, ou durante seu processo de criação. A complementação deste processo virá das informações simbólicas contidas em mitos, contos de fada, lendas, fábulas, tradições religiosas, histórias da arte e ritos de passagem. Estas fontes representam registros do inconsciente coletivo, presentes no inconsciente de cada indivíduo, como mapas psíquicos, codificando os mecanismos da individuação, que se repetem através dos tempos, em essência de modo semelhante. Além destas informações será útil avaliar os estilos expressivos, quanto às formas dominantes, utilização do espaço, movimento, elementos distorcidos ou harmônicos, cores mais freqüentes a articulação de múltiplos aspectos criativos que refletem estados afetivos internos nem sempre possíveis de serem traduzidos em palavras. Acredito que a prática da arteterapia, seja qual for a perspectiva teórica que embase sua aplicação, transcende uma função unicamente clínica. AUTOR: ANGELA PHILLIPINI

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